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quarta-feira, 21 de maio de 2014

Solidariedade à luta das mães negras contra a prisão de seus filhos!

No dia 29 de abril, um jovem de 17 anos, preto, foi ilegalmente internado na Fundação Casa, por supostamente ter roubado um carro na região central da cidade de São Paulo.

Acontece que o garoto estava no apartamento em que reside com sua mãe no momento do suposto roubo. As câmeras do edifício registraram o trânsito do garoto nas dependências do prédio durante o suposto assalto, demonstrando que ele não foi o autor do crime.

Mesmo sem qualquer relação com o suposto crime ocorrido próximo ao edifício em que mora, o garoto foi ilegalmente abordado dentro de seu apartamento, após sua mãe abrir a porta para os policiais que bateram em sua porta e invadiram (sem ordem judicial) o apartamento à sua procura. Conduzido à Delegacia e sem ser reconhecido pela vítima, o garoto não retornou para casa desde então e sua mãe e irmã retornaram sozinhas e desesperadas com a prisão de seu ente querido.

Não bastasse toda ilegalidade cometida pela PM (a história pode ser mais bem compreendida aqui), o Promotor Público e o Juiz da 4ª Vara da Infância do Fórum do Brás conduziram o processo à reboque dessas ilegalidades e cometeram ilegalidades ainda mais graves: ante à fragilidade das provas - situação em que o juiz deve absolver a pessoa acusada - o magistrado determinou a internação do garoto, pedido também formulado pelo Promotor.

Por conta de todas essas ilegalidades e arbitrariedades do Sistema de Justiça Criminal, a mãe do garoto passou o Dia das Mães dentro do cárcere juvenil e comentou, em prantos: "São Paulo é capaz de injustiças que nem todas as mães do mundo juntas são capazes de evitar".

Hoje, após a luta incessante da mãe e da irmã do garoto, que recorreram a diversos parceiros para demonstrar a inocência de seu ente querido e angariar apoio, inclusive articulando a matéria disponível no link acima referido, a Justiça foi feita e o garoto foi liberado!!! (Veja aqui)

A realidade vivida por esse garoto e sua família e as ilegalidades cometidas por todos os atores do Sistema de Justiça Criminal, não nos enganemos, não foi uma mera coincidência e tampouco uma exceção. Essa história se repete sistematicamente na vida dos jovens pretos e pobres e das mães pretas há mais de 500 anos.

Toda nossa solidariedade à família que agora está unida novamente e toda nossa admiração a essas mulheres guerreiras que não se calaram diante das ilegalidades da polícia e do judiciário e enfrentaram esse sistema que serve apenas para perpetuar e aprofundar as desigualdades sociais, o racismo e o patriarcado.

Estamos juntas com essas mães e mulheres contra as injustiças e pelo fim das prisões!

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